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sábado, 7 de junho de 2008

FELIZ ANO NOVO - RUBEM FONSECA



Nos quinze contos de Feliz Ano Novo, Rubem Fonseca apresenta a violência como válvula-de-escape para um homem pressionado pela frieza dos grandes centros. Ricos e pobres, por motivos diferentes, tornam-se frios, individualistas e cruéis. Os primeiros são psicopatas, como o personagem de Passeio Noturno I e II, um rico empresário da boa sociedade carioca, mas com um família desestruturada. À noite, após jantar quase sempre sozinho, costuma passear com seu poderoso jaguar por ruas pouco iluminadas, à procura de pessoas para atropelar. Ao esmagá-las, ouvindo os ossos se quebrando pela força do carro, tranqüiliza-se, relaxa, volta para casa e diz para a mulher que precisa dormir, pois terá um dia difícil na empresa, na manhã seguinte.
Entre os pobres, a violência não é apenas conseqüência da exclusão social, mas prazer, recalque, como pode ser observado no conto que dá nome ao livro. Três marginais, num cafofo, estão assistindo, na televisão, a festas de socialites e, sem outra coisa para fazer, resolvem invadir uma residência de bacanas e cometem todo tipo de violência: aterrorizam, matam, estupram e se despedem desejando Feliz Ano Novo.