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quarta-feira, 29 de abril de 2009

LUCÍOLA, de José de Alencar

Lucíola é o primeiro dos três romances de perfis femininos (Lucíola, Diva e Senhora) de José de Alencar. Publicado em 1862, é um romance de 1ª pessoa. O narrador é o pernambucano Paulo Silva, de 25 anos, que em cartas dirigidas a uma senhora, G.M. (pseudônimo de Alencar), fala de seu relacionamento com a jovem Lucíola, ocorrido em 1855. Nas cartas revela que no dia de sua chegada ao Rio, conhece uma linda jovem, de expressão cândida e pura, que descobre dias depois, através de um amigo, tratar-se de Lúcia, a mais bela e disputada prostituta da cidade. Movido pelo desejo de possuir aquela linda mulher, consegue um encontro com a cortesã, iniciando-se aí uma história de amor marcada pela ambigüidade da heroína, vista como fria, avarenta e mesquinha pelos amigos de Paulo. Para ele, no entanto, ainda que influenciado pelas próprias atitudes de Lúcia, ela parece ser exatamente o contrário de tudo isso. O aprofundamento da relação leva o narrador a morar com a amante, que gradativamente vai deixando de ser voluptuosa na cama, num comportamento cada vez mais sublimado, que confunde e ,às vezes, exaspera Paulo. Já doente, certo dia Lúcia revela todo seu passado a Paulo. Chamava-se Maria da Glória, era uma alegre menina de 14 anos, que teve a vida transformada por uma tragédia. Para salvar o pai e os irmãos da terrível febre amarela, entregou sua inocência a um vizinho rico, o Sr Couto. Quando o pai descobriu a origem do dinheiro, expulsou-a de casa, e sem ter para onde ir foi acolhida por uma mulher, Jesuína, que duas semanas mais tarde a colocou na prostituição. Morava com uma colega, Lúcia, que logo depois morre de tísica. Maria da Glória, fez constar no registro de óbito de Lúcia o seu nome e assumiu a identidade da amiga morta, morrendo assim para o mundo e para a família. Compreendendo cada vez mais as atitudes contraditórias da amada, Paulo passa a sentir por Lúcia um amor ainda mais terno e sincero. Assim, num período de relativa tranquilidade, o casal se muda para uma casa modesta, em companhia de Ana, irmã mais nova de Lúcia. Pressentindo a morte e já grávida de Paulo, Lúcia faz um aborto e se recusa a tomar um medicamento para expelir o feto morto, dizendo: - "Sua mãe lhe servirá de túmulo". Ainda tenta convencer o amado a se casar com sua irmã, Ana, mas Paulo rejeita essa ideia e promete que vai cuidar dela como se fosse sua filha. Logo depois, Lúcia morre nos braços de seu amado. Assim, fiel à estrutura do romance romântico, temos mais uma história que se encerra com um amor redentor. E ainda que não seja o clássico happy end, com o tradicional beijo entre os protagonistas, pois afinal o impasse amoroso de cunho moral impede que uma prostituta possa fazer parte de uma relação familiar burguesa, a vitória do amor se justifica pela transformação, pela purificação da prostituta Lúcia, que ao abandonar a relação carnal, reencontrará no amor espiritual a adolescente pura e ingênua que fora uma dia.

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