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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

OS TAMBORES SILENCIOSOS - Josué Guimarães

Josué Guimarães constrói a imaginária Lagoa Branca, uma pequena cidade situada entre Passo Fundo e Cruz Alta. Misturando narrativa de costumes e sátira política, o autor situa a ação do romance na conflituosa década de 1930.

A história transcorre de 1º a 7 de setembro de 1936 – Semana da Pátria – época que antecede a implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas. O prefeito, Coronel Jardim, é um ditador empenhado em tornar seu povo "feliz". Por isso, proíbe a distribuição de jornais e a posse de aparelhos de rádio, além de censurar a correspondência dos cidadãos, pois não se poderia ter paz diante de tantas desgraças e miséria que afligiam o mundo. Assim, a cidade de Lagoa Branca fica fechada para o resto do mundo, no intuito demagógico e populista de um microditador que imaginava instituir a sua comunidade ideal. As restrições do coronel, nas mãos de seu aparato policial, comandado por um sórdido capitão, logo servem para que se inicie uma dissimulada escala de violência, que vai do espancamento de jovens estudantes e da apreensão de livros subversivos ao extermínio em massa dos mendigos da cidade. Além do narrador em terceira pessoa, o leitor vai acompanhar através de um par de binóculos, o olhar de sete curiosas solteironas, penetrando em todos os recantos do lugarejo. Com humor e cinismo, qualidades próprias para compor a caricatura de um sistema autoritário, Josué Guimarães aniquila essa microditadura e constrói uma obra que, ao contrário das tradicionais epopéias gaúchas, não apresenta nenhum gesto heróico, pois as personagens presentes são políticos medíocres, dominados pela ambição, mulheres infiéis e policiais violentos.

NA PRÓXIMA SEMANA, os elementos da estrutura narrativa de Os tambores Silenciosos (personagens, narrador...)