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quinta-feira, 19 de junho de 2008

SERMÕES DE VIEIRA


1. SERMÃO DE SANTO ANTÔNIO OU DOS PEIXES - Proferido a três dias de sua partida para Portugal. Nele, Vieira critica o desinteresse pela pregação, questionando não apenas o afastamento do rebanho, mas também a desqualificação dos pregadores. Utilizando uma censura metafórica, o padre divide o sermão em seis capítulos. No primeiro, retoma o texto bíblico em que Deus manda Santo Antônio pregar aos peixes, pois não havia ouvintes interessados. Vieira sugere que o sal (pregadores) já não salga e ouvintes (alimento) já estão apodrecidos, tornando sem efeito o uso do sal para sua preservação. Já no segundo, aborda as qualidades, as virtudes dos peixes. No terceiro, fala da Natureza dos peixes, descrevendo os vários tipos e sua especificação. No quarto aborda a igualdade entre homens e peixes – canibalismo (o maior engole o menor). No quinto, mostra a proximidade entre homens e peixes, criando para cada tipo de peixe uma figura correspondente entre os homens. Finalizando, no sexto, afirma que as ofensas continuam, pois esses homens fazem uso da palavra divina em vão. Agridem os princípios morais, mas quase sempre invocam a Deus. IMPORTANTE - lembre que nesse sermão Vieira critica a escravidão do índio pelos colonos maranhenses .

2.SERMÃO DA SEXAGÉSIMA - Pregado na Capela Real em Lisboa, em 1665, faz uso do recurso metalingüístico, pois o assunto do sermão é o próprio sermão. Nele Vieira reforça uma contradição formal , pois mais uma vez ao criticar veementemente o uso abusivo do estilo empeçado, rebuscado e gongórico dos padres dominicanos, visando ao convecimento de seu rebanho, acaba usando, com freqüência, recursos cultistas que remetem ao choque contrastante e constante entre o bem divino e o mal terreno. Dividido em dez capítulos, apresenta várias construções silogísticas, típicas do estilo concepetista utilizado pelo padre. Na primeira questiona qual a melhor forma de pregar; se é ficando no templo à espera do rebando, ou se é sair em missões que difundam a palavra de Deus. Após afirmar que nem as pregações dos santos no Antigo Testamento foram mais difíceis que a sua no Maranhão, e solicitar que o poder político do rei seja usado em favor dos índios, Vieira defende a arte de pregar a partir da qualificação do pregador. Defendendo que há três elementos que concorrem para a fecundação da palavra divina - pregador, ouvinte e Deus, passa a demonstrar a necessidade de qualificação e verdade desse primeiro elemento. Por isso apresenta, ao longo dos capítulos, uma enumeração dessas qualificações. O pregador não deve CODIFICACAR A PALAVRA e sua ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA deve definir a matéria, reparti-la, confirmá-la com a escritura e com a razão. Deve também amplificá-la e confrontá-la com argumentos opostos, tirar uma conclusão e persuadir, exortar. Ocorrendo isso, haverá o reconhecimento das QUALIDADES DO SERMÃO: naturalidade em oposição ao estilo empeçado. Deve ser usada uma só matéria, um só objetivo. Nessas qualidades do pregador estão os exemplos de vida, a entonação de voz e o conhecimento. Finaliza com outra antítese - palavra(dos homens) x Palavra (de Deus) retomando o jogo metafórico do início que questionava o CAMINHO - pedra, espinho ou terra boa (coração dos homens) adequado para SEMEAR (palavra de Deus), evitando que os homens pisem ou as aves (demônios) comam essa semente.

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