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domingo, 27 de fevereiro de 2011

A MORTE DO CENTAURO NO JARDIM

Para onde foi nosso centauro no Jardim?
- Scliar, o que é preciso fazer para saber escrever?
- Fundamentalmente escrever.
A enganosa obviedade da resposta, dada a um vestibulando numa palestra sobre redação, define a visão objetiva de um ficcionista que tão bem soube conduzir a subjetividade da recriação da realidade em seus inúmeros contos e romances. E foi assim, escrevendo, que aquele menino, filho de uma família judia que emigrou da Rússia, no início do século XX, começou sua história de ficcionista, fusionando literatura e realidade no livro “Histórias de médico em formação”, obra publicada em 1962 e que relata suas experiências pessoais como estudante de medicina. Desde então, passou a conduzir seus leitores por um mundo fantástico, onde as palavras passam a ter múltiplos significados e, assim, nesse Ciclo das Águas, enfrentamos uma Guerra no Bom Fim, mas sempre sabendo que jamais seríamos o Exército de um homem , porque, afinal, Scliar sempre tinha Histórias para (quase) todos os gostos e, ao final, sempre teríamos nossa Festa no Castelo. E é exatamente essa magia que nos leva a fugir desse Mês de cães danados, a buscar nas Memórias de um aprendiz de escritor a mensagem que fica do homem que se foi: “Agora não mais importa o que fizeram de ti .E sim, o que tu vais fazer com o que fizeram de ti...”
Moacyr Scliar foi certamente um ficcionista que ajudou a construir muito daquilo que sou e, certamente, é responsável por muito daquilo que você é, leitor. Ele, como afirmava o filósofo francês Georges Gusdorf, utilizou a linguagem para nos fornecer a senha de entrada no mundo humano. Entender essa magia, ajuda a dirimir a dor pela ausência do nosso Centauro no Jardim.

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